sábado, 15 de janeiro de 2011

Conto moderno

Não era diferente de qualquer outra menina da sua idade.
Desde muito nova iniciada no mundo da malandragem, onde o certo e o errado se enlaçam, sendo indecifrável sua dissolução.
Aquele som, que seduzia as pessoas que por ali passavam, sabia ela, que aquela noite seria como qualquer outra.
As pessoas exalavam desejo, e o lugar cheirava a sexo, nada muito convidativo nem charmoso, porém, muito procurado.
As marcas da idade que não lhe pertenciam afundavam seus olhos, no que antes fora um rosto.
A realidade.
Sua realidade.
Nada além de aceitável, tudo além do indesejável.
Ainda sonhava com campos de petúnia e um cavalo branco.
Sem príncipe.
Sem castelo.
Sem riquezas.
Apenas liberdade. Liberdade a qual jamais sentira o doce sabor, mas salivava só em pensar. Em sonhar.
Mas sabia que era apenas mais um produto da barbárie capitalista que a cercava. E desistiu de sonhar.

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